domingo, 12 de outubro de 2008

NEHMESIS A ESTRELA DA REVOLUÇÃO MÉTRICA

Nº70 MOTO REPORT Outubro 2007
Nos EUA – berço das polegadas cúbicas, medida tão característica das míticas Harley-Davidson – há quem ouse especializar-se na construção e transformação de choppers baseadas no sistema métrico internacional (centímetros cúbicos). Os estúdios BMS (Broward MotorSports Choppers) são talvez a elite desta nova tendência que teima em se afirmar no país considerado como o mais improvável para tal empreitada. A Nehmesis, deixou de ser uma Yamaha Road Star, para passar a ser a estrela de uma outra constelação. O resultado – além de absolutamente soberbo – firmou créditos em várias frentes e prepara-se para deixar uma legião de seguidores do conceito.

No país dos automóveis estilo “banheira” com seus motores V8, as motos customizadas não são, de todo, conhecidas por economizarem nos equipamentos, cromados, acessórios e pinturas. Muitos são os dólares investidos neste nicho de mercado. Mas até então, por razões óbvias, o alvo das mais radicais customizações era a prata da casa, ou seja, as Harley-Davidson e os seus clássicos motores como o Twin Cam 88. De há uns tempos para cá, os fãs das custom nipónicas resolveram fazer uma “revolução métrica” para exaltar as qualidades das motos com capacidades expressas no sistema métrico internacional, ou seja, em centímetros cúbicos. A bandeira dessa “revolução” é o programa de TV, “Metric Revolution”, que vai para o ar pela ESPN2, nos EUA. Cada episódio conta a história da personalização de uma moto (não-americana) feita por alguns dos melhores transformadores do país.

CO MO NASCE UMA ESTREL A
Entre as estrelas do “Metric Revolution” está a Nehmesis, baptizada com o nome do proprietário do estúdio BMS Chopper, da Flórida, Sam Nehme. Adepto dos motores em centímetros cúbicos, Sam, fundou o maior centro de customizações de motos Yamaha do mundo inteiro. O aviso deixado no seu site www. bmschoppers.com não deixa margem para dúvidas: “Nós somos exclusivamente especializados em motos métricas (desculpem-nos os proprietários de Harleys). O nosso objectivo é transformar/construir as customs métricas mais fantásticas do mercado e ainda assim garantir a fiabilidade a que esta tecnologia nos habituou.” O projecto da extraordinária Nehmesis começou quando Sam e a equipa da oficina BMS foram convidados a participar no programa “Metric Revolution”. Não havia restrições de custo e material, a única exigência era que a moto fosse projectada e construída em seis meses, prazo que Sam e seus colaboradores consideraram impossível de cumprir. Mesmo assim, com a ajuda de seus 50 funcionários, o desafio foi aceite. De uma Yamaha Road Star 1700, com zero quilómetros, aproveitaram apenas o motor, os seus apoios e a caixa de velocidades (esta por conter o número de identificação do veículo). A partir daí, tudo – com excepção da pintura e das rodas – foi idealizado e executado pela BMS. O inédito mono-braço dianteiro, feito em alumínio, consumiu muitas horas de desenvolvimento para se tornar uma realidade. Incorporado, nesta bela peça, estão dois amortecedores pneumáticos que, em conjunto com o monobraço da suspensão traseira, ajudam a erguer, literalmente, a moto até 25 cm ou baixá-la até o chão, dispensando o descanso lateral, uma vez que a Nehmesis apoia-se sobre o próprio quadro. Mas a ousadia não pára por aí. Em vez do tradicional quadro de duplo-berço com tubos na parte dianteira, a BMS criou um quadro no qual o enorme V2 de 1.700 cm³ fizesse parte da estrutura ficando assim mais visível. Por onde quer que se olhe a Nehmesis surpreende com suas soluções de engenharia. Atrás, o enorme pneu de 360 mm (mais largo que o de um Dodge Viper) da marca Vee Rubber impressiona. Foi preciso desenvolver um braço oscilante tipo mono-braço para comportar este que, até agora, é o maior pneu alguma vez usado numa moto.
Cobrindo-o está outra peça impressionante, o guarda-lamas traseiro que já traz embutido lateralmente os LEDs.
Destaque também para a embraiagem automática, que permite trocas de caixa apenas girando o punho esquerdo. Além disso, todos os cabos e fiação estão ocultos. Há ainda ou tras dúzias de curiosidades: a pinça do travão dianteiro está embutida no mono-braço; já a traseira fica junto ao pinhão-de-ataque, também escondida. Isto sem falar no refinado acabamento, com muitas peças cromadas e estilizadas, algumas até folheadas a ouro (como, por exemplo, as tampas da cabeça do motor). Os motivos de esqueletos da pintura estendem-se até mesmo na cobertura do filtro-de-ar que está bem à vista. O guiador é bastante largo. Os escapes também são directos e o banco, forrado, é só para o condutor. A injecção é electrónica e a refrigeração é a ar. Este modelo é um delirante exercício de criação sobre rodas, uma espécie de obra de arte, feita quase exclusivamente para ser admirada. Mas, se for preciso, também anda. Aliás, ela pode mesmo circular nas estradas, desde que sem muitas irregularidades, já que a sua altura ao solo não permite grandes extravagâncias.

O TR AJECTO DA ESTREL A
O que fez da Nehmesis uma moto tão especial foi o prémio que recebeu na Biketoberfest, realizada em Outubro de 2006, em Daytona Beach, na Flórida. Com a sua extrema beleza e soluções para lá de inovadoras, a Nehmesis foi “autorizada” pelo júri do Rat’s Hole (prestigiado concurso de motos customizadas) a competir na categoria de motos acima de 1.000 cm³. “Foi a primeira vez em 38 anos que eles permitiram que uma moto métrica participasse na categoria americana” ressalta Sam. Mais surpreendente que a participação foi a Nehmesis ser eleita a grande vencedora do famoso concurso. Como estrela que se preze, esta belíssima criação além de vencer o concurso em Daytona, conquistou outros prémios, como a escolha popular entre outras centenas de motos no Las Vegas Metric Revolution Show. Mas, para Sam, o prémio mais importante continua a ser o do Rat’s Hole. “Foi realmente emocionante derrotar as motos americanas construídas com base nas Harley-Davidson”, comemora o construtor. O preço não está ao alcance de qualquer um. Fruto da nobreza dos materiais, das avançadas soluções de engenharia, das 3.000 horas de trabalho e currículo de prémios entretanto conquistado, quem quiser levar esta original criação para a sua garagem terá de desembolsar perto de 250 mil dólares (cerca de 178 mil euros).

Road Star é a denominação escolhida pela Yamaha para o modelo Wild Star (ou XV 1600) no mercado americano. Crê-se que a diferença na nomenclatura esteja relacionada com o posicionamento estratégico do produto face ao seu principal concorrente: a Harley-Davidson Road King. Contudo a versão 1700 da Wild Star nunca foi comercializada na Europa. Em Portugal, até 2005 era possível encontrar a Wild Star 1600, e durante cerca de dois anos foi possível adquirir a Road Star Warrior 1700, que era um outro modelo, mais desportivo e arrojado, estilo muscle bike, criado com base no motor da retro bike XV 1700 que, como se disse, só esteve à venda nos EUA.
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© General Moto, by Hélder Dias da Silva 2008

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