sexta-feira, 17 de outubro de 2008

MODELAÇÃO 3D - CRIATIVIDADE MADE IN PORTUGAL

Nº73 MOTO REPORT Janeiro 2008

Hélder Rodrigues reside em Vila Nova de Gaia e ocupa os seus tempos livres criando, por computação gráfica, protótipos tridimensionais de motos que a sua imaginação vai concebendo. Sem qualquer pretensão comercial, partilha estas motos de sonho com quem queira visitar o seu blogue, http://3dabrincar.blogspot.com/. Por mera carolice e paixão, mas a um nível de criatividade tal que poderá, eventualmente, criar inveja a alguns designers de
conceituadas marcas internacionais.


Génesis
«Sempre adorei desenhar. Não é a toa que sou desenhador de profissão. E então passava a vida a desenhar motos e carros e adorava aquilo. Até que certo dia estava a ver um programa de televisão sobre a evolução das motos e aparece uma imagem de um desenhador a trabalhar num modelo 3D de uma moto. Achei aquilo tão interessante que comecei logo a pesquisar com amigos e familiares sobre os programas de 3D. Infelizmente foi em vão, porque comecei a aperceber-me da complexidade dos mesmos e do difícil que era aprender a trabalhar com eles. Como também, na altura, não tinha a possibilidade de ter um computador… nada feito. Mas não desisti e alguns anos mais tarde comecei, no meu trabalho, a utilizar um programa de desenho em computador, o AutoCAD®, que me ajudou a começar a desenvolver os conhecimentos necessários para me iniciar, finalmente, no 3D. Depois de muitas horas, a experimentar e a aprender sozinho, sobre como dar a volta aos problemas que encontrava, surgiu a oportunidade de começar a sério no mundo maravilhoso do 3D. Para primeiro trabalho escolhi construir, de raiz, uma moto a partir de um modelo que tinha em casa. Nada mais do que uma NSR 250R de competição. É claro que não ficou nada de especial e nem a consegui acabar, mas para mim era um orgulho enorme mostrar a minha obra a toda a gente. Parecia uma criança que conseguiu descer um escorrega sozinha, e só queria que toda a gente visse. Mas a criança já tinha 27 anos…»

Percurso
Hélder Rodrigues tem evoluído de forma sustentada. Hoje em dia continua a utilizar o Auto-CAD®, para a parte da modelação e concepção dos modelos, mas usa também o 3DStudio®, para a parte final de aplicação de materiais e criação de imagens que na gíria são conhecidas por renders. Depois utiliza o PhotoShop® para, apenas, colocar as referências do modelo, no topo das imagens. Para cada modelo despende entre uma semana a dois meses, conforme a disponibilidade que tem e a complexidade do trabalho. A falta de tempo é precisamente o motivo que o tem impedido de “migrar” as suas motos do suporte virtual para um suporte físico, mesmo à escala. Como Hélder refere: «entre idealizar novas motos ou construir fisicamente o modelo, tenho optado sempre por idealizar
novas motos.»

Futuro
Em relação aos planos de futuro, este criador é peremptório: «Vou continuar a criar as minhas motos. Estão-me sempre a surgir novas ideias e, com calma, vou concretizando e publicando no meu blogue para que todos as possam ver.»

Sonho
«Eu penso que quem tem gosto e desenha motos originais, tem sempre o desejo de um dia as ver concretizadas. É esse também o meu desejo. Gostaria muito de um dia as trazer à realidade (nem que fosse um único modelo). Quem sabe um dia... É uma esperança que não quero perder.».

HR9 GP (o “GP” já diz tudo…)
«Quando comecei esta moto não tinha na ideia designá-la de GP (Grand Prix). Isso surgiu logo no instante em que modelei a carenagem frontal e me apercebi que com uns pequenos ajustes poderia fazer uma moto de competição pura e dura, ao estilo MotoGP.» Pura e dura, mas também elegante e viva, acrescentamos nós.

STF (a pioneira)
A primeira moto que concebeu de raiz foi criada com a intenção de concorrer a uma iniciativa, promovida pela Ducati, que se chamava Design Your Dream Ducati. Para base dessa moto usou um característico quadro em treliça. Quanto à escolha do modelo, tinha que ser algo que a marca ainda não possuísse, portanto, pensou em inventar um modelo ao estilo street-fighter.

STF II (a evolução da pioneira)
É a evolução do primeiro modelo, mas só tem mesmo a designação em comum. Tudo o resto é diferente, a começar pelo look, bastante mais agressivo e bem ao estilo das street-fighters mais radicais. A suspensão da frente é uma evolução da ideia iniciada na HR3 Minotaur, tendo o Hélder Rodrigues optado, neste caso, por colocar apenas um apoio na roda, sendo a traseira também constituída por um mono-braço, prestando maior destaque à jante.

STF II R (a racing)
Esta é a versão “R” da STF II. Hélder Rodrigues explicou-nos que «as carenagens laterais foram aumentadas para que, conjuntamente com a frontal, proporcionassem uma melhor protecção aerodinâmica. Foi também incluído um deflector por baixo da moto que contribuirá para a estabilidade em altas velocidades. Claro que se este modelo fosse real, nesta versão, o motor, as suspensões e outros componentes teriam que ser melhoradas.»

HR10 V8 (ousada)
«Cada vez mais se começam a ver mais propostas de nakeds potentes e imponentes das grandes marcas. Então resolvi criar uma moto nessa linha de orientação mas distinta das demais. Foi assim que surgiu a ideia de um motor V8, algo exagerado se calhar, mas, na realidade, um compacto motor longitudinal de 8 cilindros em V com uma cilindrada de 1400cc e uma potência desejável de cerca de 200cv. No aspecto geral da moto a minha maior preocupação foi a de criar uma silhueta muito elegante e fluida mas ao mesmo tempo com um aspecto robusto. Na realidade se esta moto fosse construída seria um pequeno monstro…»

HR8 Shark (inspiração marinha)
Quando Hélder Rodrigues começou a esboçar esta moto, pretendia dar-lhe um aspecto algo diferente daquele a que normalmente se associa uma moto semi-carenada. «As linhas da carenagem fazem lembrar a zona da boca de um tubarão e é daí que vem o nome deste modelo», refere. Esteticamente é um modelo que se caracteriza por uma zona frontal bastante elegante e robusta contra uma traseira minimalista. O seu autor adianta ainda que «a panela de escape está colocada por baixo do motor por dois motivos: para retirar as ponteiras da lateral da moto, para que se acentue o aspecto limpo da traseira, e por causa da distribuição de massas. Deste modo todo o peso está equilibrado o que dará, também, um maior equilíbrio dinâmico. A panela de escape, devido ao seu formato, serve também de deflector de ar.»

HR3 Minotaur (a criação que deu mais gozo)
«Esta foi a moto que me deu mais gozo fazer e foi a única cuja construção e resultado final ficou exactamente como a tinha imaginado. É que por vezes imagino uma coisa mas depois, na fase de modelação, é complicado dar a forma de maneira a ficar exactamente como a tinha imaginado.»

HR11 Evolution (a sucessora da HR3 Minotaur)
Como a HR3 Minotaur recolheu muitos comentários elogiosos, Hélder decidiu-se a criar uma nova moto a partir da ideia base utilizada na HR3. «Da HR3 ficou apenas o conceito e as jantes, tudo o resto foi feito de novo e ao contrário do sucedido com a Minotaur, foi tudo pensado para que no final a moto ficasse bem mais fluida e funcional», acrescenta. queno monstro…».

HR7 (a mais… normal)
Uma desportiva de linhas agressivas. É provavelmente a moto mais equilibrada em todo o seu conjunto.


© Todos os direitos do texto estão reservados para MOTO REPORT, uma publicação da JPJ EDITORA. Contacto para adquirir edições já publicadas: +351 253 215 466.
© General Moto, by Hélder Dias da Silva 2008

Sem comentários: