quinta-feira, 23 de outubro de 2008

DAYTONA BIKE WEEK

Nº76 MOTO REPORT Abril 2008
Talvez tenha sido o apelo de areia dura, nos dias amenos de Inverno, ou talvez a excitação da primeira corrida de moto pela praia, que fez de Daytona Beach o palco da Bike Week mais famosa do mundo inteiro. Provavelmente o retorno, todos os anos, de cada vez mais pessoas ao evento, dever-se-á às carismáticas actividades que lá têm lugar e que, por isso mesmo, têm ajudado a elevar o seu nome cada vez mais alto. Seja como for, esta Bike Week é uma prestigiada tradição que tem lugar desde 24 de Janeiro de 1937, originalmente com o nome de Daytona 200. Este ano, de 29 de Fevereiro a 09 de Março, cumpriu-se novamente a tradição, e o sonho de muitos que lá ambicionam ir.

A primeira corrida teve lugar ao longo de 3.2 milhas (pouco mais de 5.100 metros), num percurso misto de areia de praia e estrada, ao sul de Daytona Beach. O californiano Ed Kretz, mais concretamente de Monterey Park, foi o vencedor. Ele pilotava uma moto de um conceituado fabricante americano, a Indian, e a velocidade média cifrou-se nos 117km/h. Kretz venceu também a corrida inaugural da cidade de Daytona Beach. Entre 1942 e 1947, devido à II Guerra Mundial, esta prova teve de ser cancelada. A American Motorcycling Association (AMA) considerou que, no interesse da defesa nacional, deveria ser imposto um interregno ao evento. É que a guerra obrigava ao racionamento dos combustíveis, e a produção de pneus, e de componentes mecânicos de base, para veículos domésticos ou particulares deveria ser canalizada, quase que em exclusivo, para a obtenção de mais material bélico. Porém, neste período, uma outra corrida, não oficial, teve lugar. Era descrito pelos locais com “Handlebar Derby” (a prova dos guiadores). A 24 de Fevereiro de 1947, e com o conflito mundial já terminado, um ilustre cidadão local, Bill France, promoveu a reorganização da corrida e contou com 176 concorrentes. Vários jornais da época relatam que terá sido pedido à população que acolhesse os motociclistas visitantes nas suas casas, pois o ramo hoteleiro estava simplesmente lotado. Em 1948, um novo percurso de praia e estrada foi delineado, motivado pela construção na área onde antes as corridas se realizavam. Desta feita, os organizadores moveram-no ainda mais para sul, para junto de Ponce Inlet. Contava agora com 4.1 milhas (mais de seis quilómetros e meio) de extensão. A última Daytona 200, num percurso misto de areia e alcatrão, ocorreu em 1960. Depois disso, a prova foi transferida para o circuito Daytona International Speedway. Esta Bike Week sempre encerrou em si mesma um toque bastante peculiar. Algures, depois da guerra, criou-se uma certa tensão em seu torno. Enquanto que a competição era devidamente organizada, obedecendo a regras bem definidas, tudo o resto à sua volta não. Com o passar dos anos, a população local começou a sentir-se insegura com aquilo que denominava de “A Invasão”. Os agentes da autoridade eram poucos, tendo em conta a dimensão do evento, e os confrontos entre bikers e polícia eram cada vez mais intensos. Esta espiral de violência atingiu o seu pico em 1986. Daí em diante, estabeleceu-se uma equipa operacional, composta por várias entidades, como sejam a própria organização, diversas instituições da cidade e até a câmara de comércio local, com o fito de melhorar as relações entre os participantes e a população, alterando a magnitude dos acontecimentos. Hoje em dia, a Bike Week, é um acontecimento que dura dez dias, e que se estende até ao condado de Volusia. Há centenas de actividades para participarem motociclistas ou simples entusiastas. São centenas de milhar os que lá comparecem, e a população local, agora, recebe-os de braços abertos.
Fatalidades:
- Em média, por ano, morrem entre quatro a dez pessoas.
- Em 2000, morreram entre dez a quinze pessoas.
- Em 2006, doze motociclistas morreram nos primeiros oito dias. No último dia a lista chegou aos dezoito mortos e catorze destas ocorreram nos condados de Volusia e Flagler.
- Em 2007 morreram duas pessoas.
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© General Moto, by Hélder Dias da Silva 2008

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