terça-feira, 21 de outubro de 2008

FOO FIGHTERS - DISSIDENTENTES DO GRUNGE

Nº75 MOTO REPORT Março 2008

A 5 de Abril de 1994 Kurt Cobain, com um tiro de espingarda no céu da boca, pôs fim à sua vida e, em consequência disso, à carreira dos Nirvana. Dave Grohl, o baterista que havia cimentado a sua carreira e reputação nas entranhas do grunge, enceta um novo projecto: os Foo Fighters. Nele provou ser, não só um excelente baterista, mas um bom guitarrista, um grande compositor, um vocalista agradável de se ouvir e um performer de mão cheia. Com tanta criatividade, e, para mais, sendo um poli-instrumentista, seria impossível passar o resto da vida atrás de uma bateria…


Após a morte de Kurt Cobain, Grohl entrou no Robert Lang’s Studio em Seattle com o amigo e produtor musical Barrett Jones. Excepção feita para a parte de guitarra de “X-Static” Grohl tocou todos os instrumentos das faixas.

Gary Gersh (que já tinha trabalhado com os Nirvana, e que era um “descobridor de talentos” da Capital Records) incluiu Dave Grohl no catálogo da editora. As faixas acabaram por ser misturadas, e o resultado final tornou-se posteriormente no primeiro álbum – homónimo – da banda. Grohl não quis que este fosse um projecto de estúdio ao estilo One Man Show, então trabalhou para formar uma banda de suporte ao álbum. Inicialmente, o seu antigo colega Krist Novoselic era o principal candidato, mas ambos ponderaram sobre imagem errada que estariam a dar dos Foo Fighters como sendo uma continuação dos Nirvana. Grohl decidiu convidar outro músico, o baixista Nate Mendel, e mais tarde o baterista William Goldsmith.
Pat Smear, que era um membro não oficial do Nirvana após o lançamento de In Utero, foi adicionado como segundo guitarrista, completando assim a banda. O colectivo realizou a sua primeira digressão ainda em 1995, abrindo os concertos de Mike Watt. Com o segundo trabalho de estúdio, Dave Grohl realizou um feito considerado por muitos músicos quase impossível. Gravou todas as músicas do disco, nada mais, nada menos, em somente uma semana. Ele tocou guitarra, baixo, bateria, e cantou em cada uma das treze canções compostas integralmente por si. É obra! Como precisava de um baterista (já que Goldsmith se havia desentendido e abandonado o projecto), Grohl indagou o baterista das digressões de Alanis Morissette, Taylor Hawkins, sobre a possibilidade de indicação de algum músico da sua confiança; para sua surpresa Hawkins voluntariou-se para a banda.

Em Setembro de 1997, em frente a uma multidão imensa no MTV Video Music Awards, Pat Smear anunciou sua saída da banda e introduziu o seu substituto, Franz Stahl. Ainda antes da gravação do terceiro álbum There Is Nothing Left to Lose, Stahl saiu da banda alegando divergências musicais. Após diversas audições foi escolhido como substituto Chris Shiflett. Primeiramente como músico para actuações ao vivo, Shiflett tornou-se membro integral antes da gravação do álbum. Antes do lançamento de There Is Nothing Left to Lose o então presidente da Capitol, Gary Gersh, foi forçado a sair da editora. Dada a longa história de Grohl com Gersh, a banda também saiu da editora para entrar na RCA. Posteriormente Gersh uniu-se ao ex-empresário dos Nirvana, John Silva, para formar a GAS Entertainment, uma empresa que gere os Foo Fighters e outros artistas como Jimmy Eat World, Beck e Beastie Boys. Entretanto, o grupo estabeleceu contacto com os membros sobreviventes da banda de rock Queen. No começo do ano, o guitarrista Brian May participou na versão de “Have a Cigar”, original dos Pink Floyd, que foi incluída na banda sonora do filme Mission Impossible 2. Quando os Queen foram distinguidos no Rock and Roll Hall of Fame, em Março de 2001, Grohl e Hawkins foram convidados para se juntarem à banda em “Tie Your Mother Down”, com Grohl a assegurar a voz. Em 2002 May tocou em “Tired of You” e “Knucklehead”. No final de 2001 a banda gravou o quarto álbum. Após quatro meses em Los Angeles para completar as gravações Grohl passou algum tempo com os Queens Of The Stone Age para completar o album Songs For The Deaf (2002). Assim que o trabalho terminou, Dave, inspirado pelas sessões de estúdio, pensou em adicionar novas faixas ao então terminado álbum dos anunciou sua saída da banda e introduziu o seu substituto, Franz Stahl. Ao invés disso, o álbum foi completamente regravado em dez dias no estúdio pessoal de Grohl em Virginia. One by One foi lançado em Outubro de 2002. A banda sempre evitou posicionar-se politicamente.
Contudo, em 2004, ao saber que a campanha presidencial de George W. Bush estava a usar “Times Like These”, Grohl decidiu apoiar publicamente a campanha de John Kerry. Em Junho de 2005 foi lançado o álbum duplo de estúdio In Your Honor. Grohl citou que o álbum duplo (um com faixas eléctricas e outro com temas acústicos) era uma comemoração do décimo aniversário da banda. Durante a promoção do álbum Grohl – que é fascinado por OVNIs – teve a oportunidade de actuar no Roswell International Air Center in Roswell, Novo México. O local terá sido supostamente palco da queda de uma aeronave alienígena em 1947. A banda decidiu organizar pequenas digressões acústicas em 2006, incluindo o ex-guitarrista Pat Smear, Petra Haden no violino e Rami Jaffee dos The Wallflowers no piano e teclado. Em Novembro a banda lançou seu primeiro álbum ao vivo, Skin and Bones, com quinze faixas seleccionadas em três concertos em Los Angeles. Um DVD foi lançado logo depois, e apresenta faixas não disponíveis no CD. Em 25 de Setembro de 2007 a banda lançou o seu mais recente álbum, Echoes, Silence, Patience and Grace, pela RCA Records. Neste novo trabalho eles voltaram a trabalhar com o produtor Gil Norton, que não produzia um disco dos Foo Fighters desde 1997. O álbum já conta com dois singles, “The Pretender” e “Long Road To Ruin”. As suas passagens por Portugal ao longo dos anos têm sido alvo de críticas positivas, com concertos lotados e descargas vigorosas de rock, energia e muita emoção.

Citação:
«Nós sentimos a falta do nosso querido amigo Kurt. Sentimo-nos muito gratos por termos tido a oportunidade de colaborar com um artista tão talentoso.»
«…eu não tenho de levar o estilo de vida convencional do rock’n’roll. Eu tenho uma casa realmente modesta. Eu tenho os mesmos amigos desde os sete anos de idade, e uma noite boa para mim é um concerto, uma pizza, um DVD e uma boa cama quente…eu deixei de usar drogas aos 20 anos. Faziam-me sentir esquisito…sentia que não precisava delas…eu fumava erva e tinha ataques de pânico….detestaria ver a minha música sofrer por causa das drogas…mas claro que não me importo de beber meia garrafa de whiskey de vez em
quando se estiver com amigos.»
Dave Grohl no programa Enough Rope, de Andrew Denton, em 30 de Maio de 2005.

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© General Moto, by Hélder Dias da Silva 2008

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