segunda-feira, 27 de outubro de 2008

AS CLÁSSICAS NA FNM

Nº207 MOTOCICLISMO Julho 2008


Por estarem necessitadas de quem lhes defenda os interesses, as clássicas fazem-se representar na FNM com cada vez maior ênfase. São o segmento de uma imensa minoria.

Por ter surgido a necessidade de os interessados nesta actividade fazerem ouvir a sua voz em temas determinantes do seu próprio futuro, a FNM acolheu os entusiastas deste núcleo mais vintage do motociclismo. A sua missão passa por exercer pressão com vista à resolução (ou prevenção) dos seus problemas. Todavia não existem clubes exclusivamente de clássicas na FNM, mas sim clubes que também se dedicam a esta actividade para além das motos modernas. Nas palavras do responsável por este pelouro na FNM, o Eng.º José Campos Costa, «O nosso interesse é que esta situação se inverta e que venham a aderir à FNM exclusivamente clubes de motos clássicas». A especialização parece ser o móbil que garante a consecução dos fins propostos para este nicho de filiados. Como refere a respeito das necessidades específicas deste grupo: «Por exemplo, muitas motos antigas têm problemas de documentos ou mesmo a total falta deles. Isso é, infelizmente, muito normal e tem de ser resolvido em conjunto com as entidades oficiais, sobre pena de se perder um património histórico muito importante e valioso. Estamos na FNM neste momento já a estabelecer contactos com as entidades oficiais para tentar resolver o problema da documentação ou legalização das motos. É necessário, no entanto, formar um lobby com os interessados e para isso é que temos vindo a defender a necessidade de estes criarem uma Associação para depois integrarem a FNM e assim representarem oficial e legalmente toda esta actividade. É necessário que estes entusiastas se associem numa entidade que possa ter representatividade oficial para falarem a uma só voz e serem ouvidos», adverte.

Quando questionado sobre qual o grau de sensibilização da FNM face a estas idiossincrasias de grupo, o Eng.º Campos Costa vai mais longe: «Os clubes actuais ainda tem uma organização muito precária, salvo algumas excepções. Alguns nem sequer personalidade jurídica têm, sendo apenas um grupo de amigos. Há que compreender esta situação pois trata-se de uma actividade dupla: a participação em concentrações/passeios e o restauro, que é sempre oneroso», sublinha. «Muitos dos proprietários são os próprios restauradores e fazem-no por vezes com grande sacrifício pessoal de tempo e dinheiro, o que é por si só altamente louvável. Daí o cuidado que temos na FNM em que o nosso contributo não venha onerar ainda mais os encargos destes coleccionadores, sem que para isso haja justificação», sustenta.

Sobre a importância cívica de actividades em torno das motos clássicas, o responsável da FNM considera que é muito salutar por ser também o restauro, uma excelente ocupação de tempos livres. Por outro lado, e numa óptica mais economicista, alega que para as entidades municipais, as concentrações de clássicas são sobretudo uma forma de desenvolver o turismo. Como afirma, «Há quem defenda na UEM que motos clássicas correspondem a desenvolvimento turístico, o que me parece acertado. Além do mais, estes eventos são um importante convívio e uma forma de fomentar os contactos entre interessados na actividade de restauro».

Sobre a eventualidade das inspecções periódicas às motos, neste caso as clássicas, o Eng.º Campos Costa responde com o parecer genérico da FNM, o qual assenta que nem uma luva a todos os segmentos de proprietários das duas rodas: «Considerando que:
- As motos têm períodos de manutenção mais curtos que os automóveis;
- Todos os elementos mecânicos importantes estão à vista do utilizador (calços e discos de travão, nível de óleo, níveis de fluidos de travão, transmissão secundária, luzes, pneus, …);
- A moto tem uma utilização menor (em termos de quilometragem percorrida) do que o automóvel;
- O baixo impacto das questões da manutenção e inspecção têm na segurança rodoviária (menos de 1% de acidentes causados por questões de mal-funcionamento do veículo, segundo o documento MAIDS).
Concluímos que a implementação das inspecções periódicas nos motociclos não é uma prioridade. Antes, deverá ser substituída por um controlo mais apertado e eficaz da conformidade dos motociclos, nomeadamente quanto às questões do ruído e velocidade excessiva».

Resta saber até quando os nossos governantes recusarão ouvir a voz do bom senso. Neste, como em outros assuntos…
© Todos os direitos do texto estão reservados para MOTOCICLISMO, uma publicação da MOTORPRESS LISBOA. Contacto para adquirir edições já publicadas: +351 21 415 45 50.
© General Moto, by Hélder Dias da Silva 2008

Sem comentários: